POPULAÇÃO NEGRA AINDA ENFRENTA DIFICULDADES NO MERCADO DE TRABALHO

13 DE MAIOHoje, 13 de Maio, é um dia marcado pela lembrança sobre o fim oficial da escravidão negra no Brasil, através de um decreto assinado pela Princesa Isabel em 1888. No entanto, mesmo após 131 anos, os negros continuam sofrendo com a discriminação, o preconceito, um mercado de trabalho excludente e a falta de oportunidades educacionais.

Por exemplo, a diferença salarial entre brancos e negros ainda é muito grande, apesar de ter diminuído nos últimos anos. De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, em 2003, um negro ganhava menos da metade do salário de um branco (48%), e atualmente, na mesma comparação, houve apenas uma ligeira melhora, sendo que um negro ganha pouco mais da metade dos rendimentos de um branco (59%).

Ainda segundo a pesquisa, a taxa de desemprego entre os negros é de 14,6%, enquanto a dos brancos é de 9,9%, e a média nacional é de 12,4%. Ou seja, o desemprego para a população negra é 47,1% maior do que o da população branca.

E apesar de terem obtido uma melhora na condição de vida nos últimos anos, com maior inserção no ensino superior, este grupo continua sofrendo as consequências destes problemas históricos no país. Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2005 e 2017, o percentual de negras e negros universitários saltou de 5,5% para 12,8%. Porém, este crescimento não é acompanhado em relação às vagas no mercado formal de trabalho, e mesmo os graduados ainda têm baixa representatividade nas empresas.

Nelas, a desigualdade entre brancos e negros aparece de maneira gritante. De acordo com pesquisa do Instituto Ethios, realizada em 2017, pessoas negras ocupam apenas 6,3% de cargos de gerência e 4,7% em funções executivas, apesar de representarem mais da metade da população brasileira. E quando se trata das mulheres negras, em comparação com os homens, o quadro é ainda mais desfavorável: elas preenchem apenas 1,6% das posições de gerência e 0,4% em funções executivas. Esta situação se inverte apenas nas vagas de início de carreira ou com baixa exigência profissional, como aprendizes (57,5%) e trainees (58,2%).

E poucas empresas contam com políticas de inclusão da população negra em suas corporações. Segundo a pesquisa do Ethios, das 117 empresas consultadas, apenas 14 disseram possuir alguma iniciativa para a promoção de igualdade de oportunidades entre negros e brancos, e somente uma empresa tinha metas para ampliar a presença de negros em cargos de direção e gerência.

Diante deste quadro, cabe neste momento refletirmos sobre estas diferenças e exigir de nossa sociedade providências para que a discriminação contra a população negra desapareça. Políticas públicas e das empresas para inclusão e igualdade devem ser promovidas e incentivadas, com o objetivo de igualar o acesso de negros e brancos às oportunidades, sejam elas na educação ou no mercado de trabalho, além da eliminação da desigualdade salarial e das dificuldades de crescimento profissional dentro das empresas.

O SINTRAPAV-SP está solidário na luta da população negra por melhores condições de vida e de trabalho.